quinta-feira, 5 de junho de 2008

REINVENTANDO AS COISAS

REINVENTANDO AS COISAS
Maria Luiza Albano Mello Cançado



Se eu pudesse mudar o mundo, ia querer fazer algumas coisas radicalmente diferentes. Ah se eu pudesse!...

Ia querer nascer e viver no mesmo lugar, até ter vontade própria para querer mudar...

Ia querer ter uma “memória de elefante..." seletiva. Para me lembrar de muito mais coisas que vivi.

Ia conversar muito mais horas com o meu pai e minha mãe. Iria até mesmo cansá-los de tanto perguntar as coisas que eles me diziam que os pais sabem por que já viveram mais.

Ia querer ser uma criança sem medo de ser alegre e que pudesse dizer aos educadores que o mundo é muito maior que os limites dos muros que cercam as escolas.

Ia inventar um jeito, de criança poder entrar em conversa de adulto...

Ia dar a toda criança um anjo da guarda de verdade, para permitir-lhes fazer experiências inéditas.

Ia ficar sempre por perto das pessoas para quem sou importante, para poder atender rapidamente a quem precisasse.

Ia querer acordar rindo... e dormir também!

Ia inventar um jeito de parar todos os relógios do mundo. Serviriam só de enfeite!

Ia fazer com que a fome do mundo pudesse ser saciada também com pratos de amor, copos de afeto e colheradas de alegria.

Ia querer viver intensamente só de amor, sem precisar pensar na realidade do dia a dia.

Teria recebido meus filhos como prova do amor de Deus por mim e não como propriedade minha.

Teria dito a eles desde o primeiro momento que a vida é um dom que eles mereceram para dividir com quem estiver próximo.

Inventaria uma rua onde eu pudesse sentar no chão e conversar com as crianças que sobem para a favela.

Ia fazer um dia com mais de 24 horas... mas que começasse só ao meio dia.

Ia ter um alvorecer eterno no nascente e um por do sol eterno no poente.

Faria da palavra ESPERANÇA a mais importante entre os homens, pois é ela que põe em movimento os nossos desejos.

Criaria um “personal timing” para que cada pessoa pudesse viver com sua própria intensidade, seus momentos de paz e felicidade.

Ia tentar aplacar o frio dos que se sentem desprotegidos, com um cobertor de calor humano.

Incluiria nos pesadelos, uma tecla digital para que se pudesse mudar rapidamente os seus conteúdos, com opções como reencontros, conversas sábias, boas lembranças e... muito mais!

Ia querer fazer como o Joaquim Albano, que com a sensibilidade de um afinador de pianos, vai “ajeitando” tudo e todos à sua volta.

Ia dar uma voadinha lá por cima do mundo, para ver se encontrava meu pai e enganar um pouco essa saudade que sinto. É bem capaz dele dar umas escapadinhas...

Ia fazer uma viagem sem malas. Vestida com uma calça jeans e uma camiseta, só para ver o Tarcísio feliz!

Prenderia dentro do armário, o sono que insiste em me dar preguiça todas as manhãs, para soltá-lo, de novo... à noite.

Deletaria da cidade onde vivo, todos os sons agressivos, as cores sem exuberância, os aglomerados de gente... e também os supermercados! Que inferno!
 À VIDA”!

Ia subir no alto do corcovado e gritar:  "VIVA A VIDA”!

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