quinta-feira, 12 de junho de 2008

NOSSA TIA SILVIA


10/06/07

Pessoal,

Acabamos de chegar da missa da tia Silvia, confortados pelas palavras do padre João, de Pitangui, e um texto muito lindo que o Cao escreveu. Só ele mesmo que a conhecia tão bem para falar o que ela representava!

Para mim ela era a imagem do afeto e do amor, características não muito visíveis na família Machado. Mas ela era diferente mesmo!

Todos os que conviveram com ela podem reforçar esse meu sentimento. Gostava quando a gente chegava ou saía, e dava nela muitos beijos! Coisas de Albano? Ou de Mascarenhas? Não importa.

O que importa é não perder a doçura!

Discreta mas sempre presente ela se fez importante na vida de todos que a cercavam. Era firme nas suas palavras, mas sempre tinha um tom doce para se dirigir a cada um.

Falava pouco, mas conversava muito. Como? Sabia escutar pacientemente o que as pessoas queriam falar.

Elegância? Ela envergava como uma grande dama!

Sofreu muito com a morte da Goia e falava disso frequentemente. Talvez o sofrimento maior fosse pela percepção de que ela própria também estava muito debilitada.

Várias vezes ela me disse que achava que ia morrer e quando eu perguntava se ela estava querendo morrer, ela sorria e falava um NÃO, com força.

Ela foi uma grande referência humana, profissional e familiar na minha vida, na do Tarcisio e dos meus filhos. Sempre precisei da orientação dela nas dificuldades da infância e adolescência deles. Não sei se as dificuldades eram deles ou minhas, mas se eu perguntasse a ela, com certeza me faria pensar.

Hoje, tenho certeza de que eram minhas!

Foi motivo de orgulho para mim quando, ainda na faculdade, me deu a coleção dela da obra do Freud, que era o meu sonho como de qualquer estudante de psicologia que começava a engatinhar na psicanálise.

Começava aí a minha história como psicanalista, profissão que abracei com segurança, sob o olhar experiente de quem acreditava e apostava em mim. Hoje sei bem do valor e da importância do meu trabalho, mas sempre tive na tia Silvia o apoio e o incentivo para isso.

Só não fiquei rica como ela, pois os tempos mudaram e com essa abertura para uma clínica mais social, mudaram também os honorários... Mas o que ganhei, com foi a minha realização profissional fazendo dela meu paradigma, poucas pessoas conseguiram.

Tive a sorte (ou a tristeza) de acompanhar a tia Silvia de perto nesses últimos tempos e posso afirmar que a cada dia ela passava para todos nós uma lição de uma vontade imensurável de viver.

Ela sabia mais do que nós como conseguir se manter viva tanto tempo, com tão pouco "substrato nutricional", mas com muita gente à sua volta.

A grande verdade é que ela viveu enquanto ela quis. Bela lição para nós todos!

Espero que essas minhas reflexões, embora não sejam novidade p/ ninguém, possam servir para a gente se distrair com as boas recordações e lições que aprendi com essa tia tão especial. Um beijo muito carinhoso da
MARIA LUIZA

2 comentários:

Anônimo disse...

Já sabia de sua admiraçãopor ela desde os tempos de faculdade.

Anônimo disse...

Viver enquanto se quer... Eis o segredo para viver pra valer!!!